
Nesta 2a feira, a Netflix apresentou sua segunda proposta para adquirir o controle da Warner Discovery (WBD), que se colocou ela própria à venda em outubro. Agora, são três as candidatas, pois Paramount e Comcast já haviam feito ofertas em novembro.
Segundo The Wall Street Journal, a WBD havia recusado as primeiras ofertas, mas com a entrada da Netflix nas negociações decidiu acelerar as análises. Seus executivos querem anunciar a escolha antes do Natal. Segundo cálculos preliminares de especialistas, o valor que a WBD espera arrecadar nessa transação está na casa dos US$ 70 bilhões.
Sinal de alerta na Casa Branca
Se fosse apenas questão de dinheiro, seria possível afirmar que a Netflix – atualmente com valor de mercado estimado em US$ 440 bilhões – é a favorita. Mas negócios desse tamanho envolvem muitos interesses e detalhes obscuros. Segundo o WSJ, já houve reuniões até na Casa Branca, com integrantes do governo preocupados com as consequências da possível venda da WBD.
Seja quem for o vencedor nessa disputa, é quase certo que entrarão em cena as autoridades anti-truste. Com cerca de 30% de participação no mercado de streaming, a Netflix se tornaria ainda mais gigante se assumisse o controle da WBD, que é dona das marcas Warner, HBO, CNN e TNT, entre outras.
Se hoje a Netflix já adota uma postura comercial agressiva (no mau sentido), impondo condições leoninas a seus assinantes e às produtoras de quem compra filmes e séries, o que acontecerá se tiver ainda mais poderes? Sobre esse tema polêmico, vejam este post e este também.
Ainda de acordo com o WSJ, a oferta da Netflix (em dinheiro à vista) envolveria somente as divisões de cinema e streaming da WBD, deixando fora os canais de TV. Já a Comcast, dona da NBC/Universal e dos estúdios de cinema Universal e DreamWorks, teria interesse somente nos ativos de televisão da WBD. Por sua vez, a Paramount, que atua em todas essas áreas, se propõe a comprar o grupo inteiro.
De onde virá o dinheiro?
Um bastidor interessante é que, das três candidatas, a Paramount é justamente a menor, com avaliação na faixa de US$ 18 bilhões – só as dívidas atuais da WBD somam cerca de US$ 33,5 bilhões! O dinheiro, diz o WSJ, viria de uma das famílias mais poderosas dos EUA, os Ellison. David Ellison, CEO da Paramount+, é filho de Larry Ellison, todo-poderoso dono da Oracle e amigo íntimo de Donald Trump e Elon Musk. E já há até um fundo de investimentos escolhido para a missão; chama-se RedBird Capital Partners.
Quem vencerá? Impossível prever, mas deve estar sendo escrito mais um episódio na incrível história da Warner (vejam aqui), marca icônica de Hollywood que agora pede desesperadamente para alguém comprá-la.
