
A Inteligência Artificial está tomando conta de todo o mercado de tecnologia. Mas, no segmento smart home, sua expansão acontece de forma incisiva, embora silenciosa.
Amazon e Google são duas das gigantes que aceleram o uso da IA nos sistemas de controle residencial. A nova geração da assistente Alexa utiliza IA Generativa para entender frases mais complexas, fornecer respostas contextualizadas e controlar grupos de dispositivos.

A mesma estratégia vem sendo adotada pelo Google, ao integrar o modelo Gemini no sistema Google Home e em TVs com o OS Google Home. Isso permite rotinas mais inteligentes e a capacidade de interpretar intenções, em vez de simplesmente obedecer a comandos.
As duas empresas também estão usando IA para aprimorar a análise de imagens gravadas com câmeras, melhorar a qualidade das notificações e a detecção de eventos através de sensores.
O problema é que essas inovações são cada vez mais dependentes da nuvem, e vão na direção oposta à que os integradores profissionais preferem seguir. A maioria dos projetos hoje prioriza aspectos como privacidade e segurança, além da integração inteligente entre os dispositivos.
Empresas como Savant, Crestron, Snap One (Control4) e Josh.ai acreditam que IA não deve substituir os sistemas de automação já existentes, mas torná-los mais naturais, inteligentes e com suporte facilitado.
Durante anos, as interfaces de automação residencial giraram em torno de telas de toque, aplicativos e comandos pré-definidos. A IA está abrindo novos caminhos, ao permitir que o usuário diga exatamente o que deseja. Isso pode ser feito em várias linguagens: voz, texto, gestos etc.
Essas linguagens naturais permitem, por exemplo, que ele fale o tipo de iluminação desejada para determinada situação; ou se, numa festa, quer um estilo de música específico.
Essas facilidades são úteis também para o integrador, que pode ajustar cenas ou criar novas sem precisar reprogramar o sistema a todo momento. A personalização dos sistemas se torna mais fluida e colaborativa.
A diferença é que Google, Amazon e Apple apostam no conceito “faça você mesmo”, adicionando recursos de IA Generativa para um controle mais intuitivo da casa. No entanto, Bryce Judd, diretor da Savant, alerta para um detalhe importante:
“Uma casa inteligente não é lugar para sistemas de nuvem que coletam dados das pessoas visando publicidade e seus mecanismos de busca. É um ambiente privado, onde as famílias esperam que o sistema atenda suas necessidades sem depender de coisas externas”.
Judd exemplifica que uma frase como “está frio aqui” já pode ativar um sistema de automação para ajustar a temperatura. “O sistema entende o que o usuário deseja”. É dessa forma que a Savant está desenvolvendo suas soluções, dando prioridade ao custom installation, onde privacidade e estabilidade são mais importantes.

Já a Control4 aposta numa outra tendência, chamada camera analytics, em que o sistema de automação é ativado automaticamente a partir de eventos detectados pelas câmeras instaladas no ambiente. Eric Fritz, diretor da empresa, prevê que, em vez do trabalhoso processo de programar rotinas passo a passo, os futuros sistemas com IA irão “interpretar” as ordens e intenções do usuário.
Ele lembra ainda outra facilidade: além de simplificar o design e configuração dos sistemas de automação, a IA pode se antecipar aos problemas, diminuindo o tempo e os custos de suporte.
Por sua vez, a Crestron trabalha com IA visando basicamente melhorar a experiência do integrador. Com base em décadas de experiência acumulada, suas equipes contam agora com ferramentas de IA que aprimoram a configuração, programação e solução de problemas.

Michael Short, diretor de Marketing Residencial da empresa, acha que a IA será fundamental para o integrador entregar o sistema de forma mais rápida e com mais dados. “Cada residência é diferente das outras, e geralmente há mais de uma pessoa morando”, explica ele. “Queremos reduzir a carga do trabalho do integrador, com maior previsibilidade da parte do usuário”.

A ideia de tecnologias “preditivas” não é nova, e a evolução da IA chega bem perto disso. Mas as empresas especialistas em smart home advertem que há limites: o sistema instalado em uma casa não pode prever tudo, e o comportamento do usuário é muito variável. Deixar que ele simplesmente crie suas próprias rotinas de automação pode ser perigoso, porque isso pode afetar, sem querer, outras soluções já instaladas.
Em suma, é evidente que a IA traz possibilidades extraordinárias, mas se o objetivo principal é melhorar a experiência do usuário, é preciso cuidado. Introduzir IA nas residências antes que ela esteja efetivamente pronta pode acabar causando mais problemas e frustrações do que qualquer outra coisa.
*Condensado de um artigo publicado no CE Pro ©. Para ver o conteúdo original na íntegra, clique aqui.




