Design retrô é o charme deste amplificador sem fio

Para comemorar seus 50 anos de história e inovação, a canadense NAD reviveu o visual clássico do amplificador estéreo NAD 3030, dos anos 1970, neste C3050. Embora com elementos de design daquela época, como o logotipo cursivo original da New Acoustic Dimension, trata-se de um amplificador integrado moderno, capaz de processar sinais analógicos e digitais.

A NAD aplicou elementos retrô ao design do C3050, como medidores VU duplos, seletores de entrada por botão de pressão e acabamento em nogueira, numa aparência clássica charmosa. Os medidores VU, que podem ser configurados para monitorar o sinal de entrada ou os níveis de saída do amplificador, são iluminados durante a operação (é sempre legal ver as agulhas dançantes enquanto se ouve a música).

A seção digital do amplificador utiliza o conversor DAC PCM5242, da Texas Instruments, que processa os sinais digitais PCM em 192kHz/24 bits. O estágio de potência no C3050 utiliza a tecnologia HybridDigital UcD Classe D, que é capaz de produzir 100W contínuos por canal estéreo em 8 ou 4 ohms, com ambos os canais acionados. Dinamicamente, o amplificador pode produzir potência instantânea de 180W em 8 ohms, 250W em 4 ohms ou 300W em 2 ohms, segundo o fabricante.

Módulo interno para streaming

Esse amplificador NAD veio com o módulo interno BluOS-D, para streaming em alta resolução, equipado com Bluetooth bidirecional Qualcomm aptX HD. Essa conexão sem fio permite fazer streaming e enviar as músicas para fones de ouvido. O módulo traz antenas duplas (para Wi-Fi e Bluetooth) e microfone para Dirac Live, um dos melhores métodos atuais para correção acústica de ambientes.

O C3050 possui entradas analógicas de linha (RCA) e PHONO (MM) e entrada HDMI eARC, que permite amplificar o som da TV. As saídas pré-amplificadas são vinculadas às entradas principais (MAIN-IN). Isso significa que o C3050 pode funcionar como pré-amplificador autônomo para uso com um amplificador externo; ou como amplificador de potência, quando conectado a um pré externo.

Por padrão, as saídas pré-amplificadas, incluindo de sub, são full-range. Com o módulo BluOS-D instalado, a frequência de crossover entre essas saídas pode ser ajustada pelo app BluOS. O C3050 também veio equipado com a mais recente tecnologia MDC2 (Modular Design Construction 2), da NAD. Com isso, a atualização do amplificador é feita inserindo uma placa num compartimento traseiro.

Alta resolução e correção de sala

Com Wi-Fi Dual-Band, o módulo BluOS-D dá acesso a mais de 20 serviços de streaming, incluindo arquivos de música em alta resolução e sem perda; arquivos DSD são convertidos para FLAC PCM. O módulo oferece suporte a Spotify Connect, Tidal Connect e Apple AirPlay 2, além de permitir integração com os assistentes de voz Alexa e Siri. O BluOS-D também pode ser conectado em rede como parte de um sistema multiroom. E vem com seu próprio app gratuito para controlar o amplificador.

Utilizamos a calibragem Dirac Live seguindo um guia fornecido pela NAD. Isso é feito colocando o microfone em várias posições na sala, enquanto o app realiza as medições via tom de teste. O recurso fez a compensação na faixa de graves abaixo de 500Hz, problemática na maioria dos ambientes. Com a calibragem concluída e o resultado salvo, um botão liga-desliga para ativar o filtro Dirac aparece no menu do app BluOS. O filtro eliminou os picos de graves, gerando respostas mais uniformes.

Avaliação: som equilibrado e detalhado

Independente da fonte, o C3050 nunca deixou de produzir um som claro e detalhado em nossa sala, com equilíbrio sonoro em todo o espectro de frequências. Esses atributos ficaram evidentes com o toca-discos de vinil Music Hall Classic, embora tenhamos ouvido uma reprodução PHONO melhor em outros amplificadores integrados.

Durante os testes, transmitimos também sinais de alta resolução, inclusive codificados em MQA, para a entrada digital coaxial do C3050, e não observamos falhas.

Um bom exemplo foi Left Alone, do álbum Love Letter do saxofonista Jimmy Heath (96kHz/24 bits, Qobuz), com textura e detalhes completos. A voz suave de Cecile McLorin Salvant soou natural e encorpada, com os pratos ao fundo detalhados, enquanto a representação do palco sonoro foi precisa. Notamos uma ligeira inclinação de brilho, porém sem causar fadiga auditiva.

O integrado NAD ofereceu potência suficiente para níveis de volume altos. Na faixa-título do álbum Bewitched, da cantora islandesa Laufey, sua voz hipnotizante surgiu projetada ligeiramente para frente. A musicalidade do C3050 ficou mais evidente na faixa From the Start, do mesmo álbum, destacando o ritmo que nos fez bater os pés junto com a música.

Descobrimos que a resposta de graves do C3050, conduzindo um par de torres Revel Ultima Studio em full-range, era satisfatória para a maioria das situações. Mas, com graves profundos, às vezes sentimos que a definição poderia ser melhor. O problema foi resolvido ao incluir um bom subwoofer no sistema (com crossover a 50Hz).

Com sua aparência retrô, o NAD C3050 é um amplificador integrado versátil, com desempenho admirável em todas as suas funcionalidades. E com a vantagem da construção modular, que favorece a atualização de novos recursos.

*Resumido da revista eletrônica Secrets of Home Theater and High Fidelity ©