Mais um triste título para o país – e desta vez não dá para culpar o governo. Entre os meses de maio e julho, aumentou de 340 mil para 1,5 milhão o número de caixas ilegais do tipo TV Box vendidas (e, portanto, compradas pelos consumidores) no país. Por que desta vez não se deve culpar as autoridades? Porque os dados foram fornecidos pela própria Anatel, com base num extenso monitoramento que vem sendo feito por agentes especializados. O perigo da vez chama-se Bad Box 2.0 e, segundo a Agência, já é considerado uma “ameaça global”, com alertas emitidos pelo FBI e por órgãos de segurança europeus.
Se, até agora, a preocupação maior era com a questão dos direitos autorais, eterna reclamação das operadoras de TV por assinatura, estamos vivendo um outro estágio. Bad Box 2.0 é um malware encontrado especificamente nessas caixinhas vendidas sem a necessária homologação da Anatel. E pode ser usado para crimes ainda piores: invasão de contas pessoais dos usuários, acesso a dados bancários e até distribuição de pornografia.
Derrubando sites e lojas virtuais
Depois de passar anos correndo atrás do prejuízo, com a prática (que já divulgamos aqui várias vezes) de apreender as caixas, a Anatel decidiu mudar seu enfoque. Passou a derrubar, com autorização judicial, sites que oferecem conteúdo criminoso e lojas virtuais que vendem os aparelhos não homologados (veja nesta reportagem). E, junto com a PF, obteve a detenção de pessoas ligadas a essas atividades, que estão sendo processadas.
O caso Bad Box 2.0 é mais específico. As caixas contêm vírus que ameaçam a segurança do usuário. Em seu laboratório antipirataria, agentes da Anatel vêm examinando como funciona na prática. Há modelos que permitem acesso irrestrito, abrindo brechas para que o invasor entre e comprometa uma rede inteira. Pior: esse vírus pode entrar mesmo quando o aparelho está desligado (em stand-by) e permanece ali muito tempo.
Só falta explicar por que tantas lojas online continuam comercializando esse tipo de produto, apesar das advertências da Anatel. Inclusive grandes lojas, como mostramos aqui. Para quem quiser mais detalhes sobre o tal Bad Box 2.0, recomendo esta reportagem da Revista da SET.