Conjunto com 2 bookshelf e caixa central da mesma marca é uma sugestão de ótimo custo-benefício
Há pelo menos três décadas, a Bowers & Wilkins tem a série 600 como a de maior sucesso em seu variado portifólio de caixas acústicas. Atualmente em sua 8ª geração, a linha 600 S3 inclui a torre 603 (veja o teste aqui), as bookshelf 606 e 607 e a central HTM6.
Embora hoje a B&W seja de propriedade da EVA Automation, uma startup sediada no Vale do Silício, os setores de engenharia e desenvolvimento continuam na sede em Worthing, Inglaterra, enquanto a fabricação (exceto da série 800) é feita na Ásia. O interessante é que esses fatores em nada mudaram a tradição em design e alto desempenho que a marca inglesa ostenta desde 1966.
Recebemos para teste este par de 606 S3, bookshelf que é a maior da linha, em preto fosco, e uma central HTM6 S3 num belo acabamento em branco neve. Em relação às versões 600 S2, de 2020, a série S3 manteve o estilo minimalista no gabinete e o moderno painel de drivers.
Tweeter de titânio atua em conjunto com midwoofer
O tweeter de 1” com duplo domo de titânio e protegido por grade – aliás com trama mais aberta que a da versão anterior, para melhorar a transparência acústica – lembra o topo de um microfone.
Circundando essa grade, há um anel metálico que valoriza sua estética, quase idêntico ao usado na S2, mas de diâmetro ligeiramente maior (0,5cm).
Herança da icônica Nautilus, o tubo traseiro que desacopla o tweeter de dentro do gabinete, está mais prolongado nesta versão, para reduzir os níveis de radiação indesejada atrás do falante.
Esses aprimoramentos no tweeter visam uma resposta de agudos suave, especificada em 28kHz (+/-3dB), porém se estendendo até 33kHz (-6dB) atender gravações em alta resolução.
Já o falante de médios-graves de 6,5” traz o cone Continuum FST, composto de materiais e fibras especiais, em tom prateado. Esse midwoofer, agora mais próximo ao tweeter, visa melhor interação entre médios e agudos para uma imagem estéreo mais precisa.
Duto de ar traseiro, bicabeamento e biamplificação
O crossover da bookshelf 606 S3 também recebeu aprimoramentos da série 700 S3, que é mais cara, incluindo capacitores bypass de melhor qualidade. As caixas possuem tela frontal com fixação magnética e três opções de acabamento: branco, preto com painel cinza escuro e carvalho claro (foto acima) com painel branco.
Trabalhando em sintonia com o woofer, o duto de ar traseiro Flowport possui micro cavidades que ajudam a reduzir ruídos nos graves. Ainda na traseira, encontramos terminais para bicabeamento ou biamplificação foram alterados para um layout em linha, a exemplo da série B&W 700 S3.
A exemplo de outras caixas da B&W, as 600 S3 vêm com tampões de espuma para acoplar ao seu duto de ar traseiro. Isso torna os graves um pouco mais “secos” quando for preciso instalar as caixas muito perto da parede lateral.
AVALIAÇÃO*: PERFEITA INTEGRAÇÃO
ENTRE AGUDOS E MÉDIOS-GRAVES
Numa sala de 20m2, instalamos as 606 S3 sobre pedestais rígidos de 70cm de altura, para que seu tweeter ficasse na mesma linha dos ouvidos. Ambas posicionadas a 35cm da parede traseira e a 2,27m de distância entre si, tendo a HTM6 S3 exatamente no meio, sobre o móvel.
Para complementar o sistema 5.1, utilizamos como surround as 606 S2 Anniversary Edition (cuja principal diferença é o tweeter domo de alumínio) e o subwoofer B&W ASW610.
Como já conhecemos muito bem esse sub selado, com driver de 10” e 200W RMS (avaliado anos atrás, junto com as caixas 603), preferimos mantê-lo na maior parte do teste desconectado, focando melhor nos graves das 600 S3.
As caixas começaram a ser alimentadas por um receiver Integra DRX 5.4, de 120W por canal (veja o teste na edição de Agosto/24 da revista, que pode ser baixada aqui). E terminaram com o nosso receiver Yamaha de referência (Aventage RX-A3030, 150W por canal).
Em nossas primeiras impressões, as mudanças sonoras da 606 S3 diante da 606 S2 pareceram ínfimas. Quatro meses depois, conforme avançávamos em nossas playlists do Tidal (lossless) e antigos CDs e SACDs, tínhamos um som mais preciso e detalhado.
A perfeita interação entre tweeter e midbass tornou mais neutros e suaves os vocais em quase todas as extensões – do Soprano ao Baixo Soprano –, como vimos em Fever, com Elvis Presley, e This Love, com a cantora britânica Chlara.
GUITARRA, VOCAIS E ATÉ ELETRÔNICO, COM PEGADA SUAVE
Os agudos do tweeter domo em titânio revelaram detalhes de gravações que não haviam chamado tanta atenção no domo de alumínio da 606 S2. Foi o caso em Lovers in Paris, com o guitarrista dinamarquês Jacob Gurevitsch, extraído de vinil.
Além disso, os médios soaram com abertura e transparência mais evidentes no woofer da S3, com seu cone Continuum. E ouvimos mais sutilezas em nuances vocais, como em Stand By Me, com a cantora canadense Dominique Fils-Aimé.
Apesar dos graves não apresentarem mudanças significativas em relação ao modelo anterior, as 606 S3 mantiveram a pegada dinâmica e envolvente em All Night Parking (with Erroll Garner) Interlude, com Adele, como poucas bookshelf de entrada.
Para quem gosta de som eletrônico, como Techno Prank, da dupla mineira Dubdogz, melhor integrar as 606 S3 a um subwoofer. Em nossa sala, a sintonia foi perfeita com o ASW610 e seu gabinete selado, conferindo profundidade e agilidade nos graves.
Já a central HTM6 S3 traz um amplo eixo de dispersão horizontal e vertical, como constatamos nos filmes Aprendiz de Espiã 2 e John Wick (Prime Video). Essa bookshelf B&W foi fundamental na percepção de sussurros e na inteligibilidade nos diálogos, inclusive em trechos com trilhas recheadas de efeitos e impactos sonoros.
A série 600 S3, com a bookshelf 606 e a central HTM6, acompanhada do sub ASW610 é, sem dúvida, uma ótima indicação para quem busca alta performance em sua sala, sem o pesadelo de “quebrar” a conta bancária.
FICHA TÉCNICA
GARANTIA: 1 ano
PREÇO: sob consulta
DISTRIBUIDOR NO BRASIL: Som Maior (sommaior.com.br)
FABRICANTE: Bowers & Wilkins (bowerswilkins.com)
*Teste realizado entre outubro/24 e janeiro/25
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