Caixa B&W 603 S3: o sonho mais perto da realidade

Por Alex dos Santos

Para quem possui sala acima de 20m2 e planeja um sistema para filmes e música, um par de caixas acústicas do tipo torre é uma excelente opção, principalmente quando construídas com materiais avançados e design contemporâneo, como a 603 S3 da Bowers & Wilkins.

Trata-se da caixa mais robusta (e mais cara) da Série 600, a de maior sucesso da renomada marca inglesa em quase 30 anos, hoje em sua 8ª geração. Compõem a linha mais dois pares de bookshelf e uma central. A atualização mais relevante dessa floorstanding – 102cm de altura – está no tweeter de titânio.

Diferente do alumínio usado na geração anterior, ele traz a cúpula principal de 25 micrômetros de espessura emoldurada por um anel também de titânio um pouco mais espesso (30µm). Segundo o fabricante, a ideia é entregar agudos suaves, refinados e com excepcional resolução.

Além disso, o tubo cônico que abriga o driver e o desacopla mesmo dentro do gabinete está mais prolongado nesta versão, para reduzir os níveis de radiação indesejada na parte traseira do tweeter. Resultado: resposta plana de 28kHz (+/-3dB), mas alcançando agudos até 33kHz (-6dB), informa o fabricante.

Na proteção desse delicado domo de titânio está uma grade metálica de trama mais aberta, para maior transparência acústica, idêntica à usada na Série 600 S2 Signature (veja aqui o teste da bookshelf 606 S2), apenas com diâmetro ligeiramente maior (0,5cm).

Falante de médios, agora mais perto do tweeter

O conjunto de falantes é complementado pelo atraente Continuum FST de 6”, que reúne materiais compostos e fibras especiais. Com esse midrange agora mais próximo ao tweeter, evita-se transições abruptas nos médios, para uma reprodução mais transparente de vozes e instrumentos.

Dois drivers de 6,5” com cone de papel permitem respostas de graves da ordem de 46Hz (+/-3dB), podendo se estender a 29Hz (-6dB). Esses woofers trabalham em sintonia com o duto de ar traseiro Flowport, com microcavidades que ajudam a reduzir ruídos e turbulências nos graves.

Ainda na traseira, os terminais para bicabeamento ou biamplificação foram alterados para um layout em linha, a exemplo da Série 700 S3. O crossover também recebeu aprimoramentos da série mais cara, incluindo capacitores bypass de melhor qualidade.

Ao remover a tela frontal magnética de cor cinza, vê-se um painel (baffle) branco elegante, combinando com o primoroso gabinete folheado em carvalho claro. Também estão disponíveis os acabamentos preto e branco foscos.

Instalação a 25cm da parede

O cuidado com as 603 S3 deve começar no manuseio, pois cada uma pesa embalada 31,9kg! Recomendamos que duas pessoas desembalem as caixas com atenção para não pôr as mãos nos cones ou avariar o acabamento. Entre os acessórios, encontramos ponteiras de borracha siliconada, spikes metálicos e bases de madeira aparafusada (chave Allen inclusa), que conferem mais estabilidade ao gabinete.

E, como em todos os modelos da B&W, a embalagem traz plugues de espuma a serem acoplados ao duto de ar. São úteis caso as caixas fiquem muito próximas a cantos de parede, e se realmente for necessário reduzir o impacto na resposta de graves.

Posicionamos as caixas a 2,27m de distância entre si e a 25cm da parede traseira. Em seguida, conectamos um receiver de 150Wx2, em configuração de biamplificação. Essas torres podem trabalhar com amplificadores de 30 a 200W, a uma impedância nominal de 8 ohms e mínima de 3 ohms; quanto melhor a qualidade (corrente) de amplificação, melhor será o desempenho nos graves.

Avaliação: refinamento em todas as frequências

Embora sejam torres de três vias, as 603 S3 demonstraram grande eficiência tocando com o receiver no mesmo nível de volume de quando conectado às bookshelf 606 S2. Isso significa que, com sua sensibilidade de 90dB, elas não exigem muito esforço para alcançar grande volume em uma sala de dimensões medianas. É importante destacar a excepcional qualidade de construção dessas caixas, manuseando seu gabinete sólido, inerte e anti-ressonante.

Voltamos a ouvir nossos arquivos de música em HiRes, via USB flash, como o concerto Tragic Overture, da 1ª Sinfonia de Brahms, conduzido por Valery Gergiev com a Sinfônica de Londres (LSO Live, Flac-96/24). As variações com violino e trompas eram nítidas e consistentes, ao passo que as nuances em grande escala revelavam a capacidade dessas torres em reproduzir sutilezas em toda a faixa de frequências.

Também redescobrimos nosso discos digitais, começando com The Real Blues (Concord Jazz SACD Sampler Vol.2). Nessa gravação ao vivo do trio do contrabaixista Ray Brown, percebemos claramente a fidelidade dos graves (embora não tão profundos quanto gostaríamos), com o dedilhado nas cordas do baixo, assim como o brilho cristalino nas notas mais altas de piano.

As 603 S3 reproduziram tudo com refinamento e palco sonoro típicos de caixas de alta performance. Com as canções What a Difference a Day Makes, Summertime e outras clássicas na voz da americana Renee Olstead (Tidal Flac-44/16), os médios se mantiveram neutros e naturais com o volume do nosso receiver perto do máximo, numa combinação perfeita com agudos extensos e impactantes.

Fechamos com Miles Davis e seu Kind of Blue, em especial So What, e sentimos o sopro de trompete e sax dentro de nossos tímpanos, a 3m50 de distância, devido ao poder do novo tweeter de titânio de maneira suave e agradável. As caixas 603 S3 trazem parte da construção e materiais concebidos para a Série 700 S3 (high-end) a um custo relativamente menor. Se o sonho de ter um par de torres Bowers & Wilkins parecia distante, talvez com a nova 600 S3 esteja mais próximo de se realizar.

Por Redação Home Theater & Casa Digital