Como será o futuro dos filmes em 4K HDR

O grande assunto do momento, inclusive na CES 2016, é Ultra HD no seu sentido mais amplo, especialmente seu “próximo passo”, que é sem dúvida o processamento HDR (High Dynamic Range), juntamente com o padrão de cores WCG (Wide Color Gamut).

Por Bob Raikes

Já estou mais do que convencido de que a chegada de conteúdos com a verdadeira qualidade HDR irá impulsionar o mercado de TV, embora alguns usuários fiquem decepcionados por terem comprado aqueles aparelhos da primeira fase do Ultra HD, que tinham resolução mais alta mas não eram compatíveis com HDR. Este padrão demorou um bom tempo para ser trazido ao público. Lembro que assisti a uma demo pela primeira na CES 2006, através de uma empresa chamada Brightside, que mais tarde foi adquirida pela Dolby. Em 2008, foi a própria Dolby quem apresentou seu conceito Dolby Vision.

Agora, os conteúdos finalmente começam a chegar. A Dolby já confirmou suas parcerias com grandes produtores, como Sony, Universal, Paramount, Fox, Disney e Warner, alguns deles sendo demonstrados em Las Vegas este ano. A ideia da Dolby é auxiliar os criadores de conteúdo a extrair o máximo dessa tecnologia, o que agora é possível com a nova geração de displays.

É muito importante garantir que o resultado final para o consumidor seja o mais próximo possível do que imaginou o produtor. Já estamos vendo algo do gênero nos cinemas, mas chamou minha atenção um white paper da Dolby que menciona o uso do padrão Vision em aparelhos de videogame. Os usuários de jogos estão entre os que mais se preocupam com a qualidade da imagem.

Sabemos também que a Intel, integrante da Ultra HD Alliance, está buscando definir um guia de especificações mínimas para os equipamentos UHD, em termos de contraste, brilho e reprodução de cores. Aliás, a própria Dolby já vem conversando com desenvolvedores de jogos. E podemos supor que a Intel esteja fazendo o mesmo com os fabricantes de PCs e consoles.

Games em geral têm uma gama limitada de brilho, com muita informação em sombra, e quando não há uma boa escala de cinza os níveis mais baixos de preto e de branco desaparecem, perdendo-se os detalhes. Melhorando a performance de cores com Dolby Vision, especialmente se combinado com uma gama mais ampla (WCG), talvez baseada na tecnologia quantum dots, pode-se ajudar os gamers a terem uma melhor experiência.

Já no caso do Dolby Vision, é necessária mais luminosidade de pico, a menos que se adotem displays OLED ou outra tecnologia que realmente ofereça pretos profundos. Com LCDs, tanto HDR quanto Dolby Vision exigem algum tipo de backlight. Mas, como se sabe, são pouquíssimos os displays que utilizam backlight do tipo Local Dimming – a maioria possui paineis Edge-lit. Esse pode ser um grande desafio, no caso. Tecnicamente, é dificílimo construir paineis que possam ser modulados de forma eficiente, com “zonas de luz” que impeçam o efeito halo, por exemplo.

Gamers costuma também ser obcecados pela questão da taxa de quadros (frame rate) e pela velocidade de renovação (refresh rate). E uma das vantagens do HDR, comparado com o padrão convencional, é ter muito menos impacto na leitura dos quadros. Já o Dolby Vision exige mais processamento dentro do aparelho, e portanto será fundamental que os monitores não apresentem latência (atraso) ao receber o sinal.

Outro fator em questão é o custo. O mercado de displays tem alto nível de competição, e o modelo da Dolby se baseia em royalties pagos pelos fabricantes, não pelos provedores de conteúdo nem pelas operadoras. É um dos segmentos onde as margens de lucro dos fabricantes são mais baixas, ou seja, essa pode ser uma barreira.

Texto publicado originalmente no site Display Daily. Clique aqui para ler na íntegra.