O conceito é antigo, mas vem sendo usado de forma distorcida nos últimos anos. Vale a pena tentar entender.

Por ORLANDO BARROZO

Embora seja antiga, dos anos 1950, e mais ligada a equipamentos de áudio, a expressão “high-end” tem aparecido com frequência nos últimos anos ao lado de uma série de produtos. No mercado de eletrônicos, é fácil encontrá-la associada a TVs e players, por exemplo. Muitas vezes, paga-se mais caro por essa confusão, que resulta da falta de informação. Todo mundo tem direito de usar seu dinheiro como bem entender, mas para não sair no prejuízo é importante saber diferenciar o que é, de fato, um produto high-end (isto é, de altíssima qualidade) do que é apenas marketing.
Para quem está montando um equipamento em casa, seja uma sala de home theater, multimídia ou apenas para música, e a menos que tenha dinheiro sobrando, é fundamental compreender as diferenças. E a mais importante delas talvez seja esta: um aparelho high-end é projetado e construído para durar anos e anos mantendo o mesmo desempenho.

Seja uma caixa acústica, um amplificador ou um cabo, os produtos que os especialistas identificam como “high-end” são produzidos quase de forma artesanal – daí porque são geralmente mais caros e encontrados em poucas lojas especializadas. Componentes internos, acabamento, tipo de conectores, tudo é escolhido com o máximo rigor técnico. Robert Harley, jornalista americano que é uma das grandes autoridades no assunto, costuma dizer que “high-end é paixão”. E ele se refere não apenas à paixão de quem compra esses aparelhos, mas principalmente daqueles que os projetam e fabricam.

A confusão com o termo “high-end” também decorre do fato de que, hoje, as tecnologias evoluem muito rapidamente, e isso atiça o apetite do consumidor. Para muitos, ter em casa um aparelho tecnicamente defasado, com menos recursos que os recém-lançados, é algo impensável. Na prática, isso vale muito mais para o segmento de vídeo, em que TVs, projetores e players a toda hora ganham novas funções. No áudio, esse processo é bem mais lento.
Basta dizer que só recentemente os fabricantes de equipamentos de áudio high-end se dedicaram à música digital, criando soluções para aproveitar ao máximo as conveniências que a digitalização trouxe. Até bem pouco tempo, era impossível encontrar, por exemplo, players Blu-ray de alto padrão – muitas empresas continuavam insistindo que, para ouvir música, os CD players ainda eram a melhor alternativa.

Com o ressurgimento do vinil, que vem agradando até aos mais jovens, esses mitos começaram a cair. Por desconhecimento, muitos começaram a questionar: como pode um aparelho analógico, baseado numa cápsula magnética em contato com um disco feito de plástico, e acionada mecanicamente, proporcionar som melhor do que um CD, DVD ou Blu-ray, com suas poderosas unidades ópticas a laser?

No mundo da tecnologia de consumo, que preza sobretudo a conveniência e a portabilidade, há pouco espaço para os toca-discos de vinil. Essa, que já foi a forma mais popular de se ouvir música, passou a ser um “nicho de mercado”. Mas, ao ouvir LPs bem gravados, muitos usuários perceberam que aquilo que vinham escutando há décadas (em CD) era algo inferior. E o CD, aos poucos, foi se transformando também em um “nicho”.

Hoje, a música que a maioria ouve não está mais gravada em disco ou fita – está “na nuvem”, em arquivos digitais armazenados em servidores que ninguém sabe onde ficam, mas aos quais se tem acesso com dois ou três cliques. Para apreciar todo o potencial desses arquivos, basta procurar nos lugares certos. E, claro, montar um equipamento de áudio que seja… isso mesmo: high-end. De preferência, high-end.

O QUE CARACTERIZA UM APARELHO HIGH-END

*Acabamento primoroso, com materiais de primeira qualidade, e conectores firmes;

*Componentes internos de alta performance;

*Economia de teclas e leds luminosos, utilizando apenas o necessário para comandar o aparelho;

*Baixo nível de distorção na reprodução musical (especificação de no máximo +/-3%) – para amplificadores, receivers e caixas acústicas;

*Graves marcantes e controlados, espalhando-se suavemente pela sala;

*Reprodução homogênea e agradável de médios e agudos, sem cansar os ouvidos;

*Preenchimento completo do ambiente, com abertura lateral dos sons como numa sala de concerto;

*Emissão clara de cada nota musical, independentemente da posição de audição;

*Separação dos instrumentos, permitindo ouvir cada um deles com maior nitidez;

*Palco sonoro, conceito que pode ser definido como a percepção do posicionamento de cada músico na sala;

 

BOAS MARCAS, PARA QUEM QUER OUVIR

O consumidor brasileiro que aprecia música pode se considerar privilegiado. A maior parte das grandes marcas que fazem a história do áudio high-end está disponível no mercado através de distribuidores autorizados. Estes são a melhor fonte para quem quiser ouvir bons equipamentos.

Embora estejamos longe da variedade encontrada em países como EUA, França e Alemanha, por exemplo, ninguém no Brasil pode reclamar da falta de opções. A seguir, listamos algumas dessas marcas, organizadas por linha de produto. Na pág. XX, estão os distribuidores oficiais. Vale a pena consultá-los antes de fazer a sua escolha.

 

CAIXAS ACÚSTICAS

MARCA  ORIGEM  DISTRIBUIDOR OFICIAL
B&W Inglaterra Som Maior
Eletrocompaniet Noruega Liquid Sound
Focal JMLab França Audiogene
Hansen Grécia Som Maior
JBL/Synthesis   EUA Suonare
Meridian Inglaterra Som Maior
Morel Israel Relm Áudio
Raidho Dinamarca Som Maior
Revel EUA Suonare
Sonus Faber Itália Audiogene

 

AMPLIFICADORES E PROCESSADORES

MARCA         ORIGEM        DISTRIBUIDOR OFICIAL
BMC               Alemanha     Relm Áudio
Bryston          Canadá         Audiogene
Classé           Canadá         Som Maior
Conrad-Johnson     EUA   Som Maior
Devialet         França           Devialet Brasil
Eletrocompaniet      Noruega        Liquid Sound
Gamut            Dinamarca    Audioshop
Jeff Rowland                       EUA   Som Maior
Mark Levinson         EUA   Suonare
McIntosh       EUA   Audiogene
Meridian        Inglaterra       Som Maior
NAD   Canadá         Som Maior
Primare          Suécia           Chiave
Sunfire          EUA   Chiave

 

PLAYERS DIGITAIS

MARCA         ORIGEM        DISTRIBUIDOR OFICIAL
Cambridge Audio    Inglaterra       Vision Acoustics
Classé           Canadá         Som Maior
Denon                       Japão             Chiave
Devialet         França           Devialet Brasil
Eletrocompaniet      Noruega        Liquid Sound
Harmonix      Japão             Audioshop
Marantz         Japão             Audiogene
McIntosh       EUA   Audiogene
Meridian        Inglaterra       Som Maior
NAD   Canadá         Som Maior
Oppo              EUA               Logical Design
Primare          Suécia           Chiave

TOCA-DISCOS ANALÓGICOS

MARCA         ORIGEM        DISTRIBUIDOR OFICIAL
Clearaudio    Alemanha     Som Maior
Pro-ject          Áustria           Som Maior
Roksan          Inglaterra       Audioshop

CABOS

MARCA         ORIGEM        DISTRIBUIDOR OFICIAL
Audioquest   EUA   Som Maior
Nordost          EUA   Liquid Sound
Supra Cables           Suécia           Chiave

CONDICIONADORES DE ENERGIA

MARCA         ORIGEM        DISTRIBUIDOR OFICIAL
Furman         EUA   Audiogene
Monster         EUA   Suonare
Panamax      EUA   Suonare
PS Audio      EUA   Som Maior

FONES DE OUVIDO

MARCA         ORIGEM        DISTRIBUIDOR OFICIAL
AKG   EUA   Harman do Brasil
Audio Technica       Japão             Audio Technica
B&W   Inglaterra       Som Maior
Focal  França           Audiogene
PSB    Canadá         Chiave
Shure            EUA   Shure