5G E A PRÓXIMA GERAÇÃO DE DISPLAYS PARA SINALIZAÇÃO DIGITAL


3 de outubro de 2019

Por Andy McRae*

Sinalização digital (digital signage) existe há mais de 40 anos, mas na verdade só se transformou num mercado de fato quando surgiram os displays TFT-LCDs de uso comercial, no início da década passada. Antes, o que se chamava sinalização digital consistia em displays de LED do tipo “matriz de pontos” (dot-matrix), ou então os velhos monitores CRT ou projetores RGB conectados a um DVD player ou mesmo um videocassete.

Nenhuma dessas soluções era confiável nem simples de instalar, gerenciar ou manter. Os displays LCD tornaram mais simples a instalação e tiveram adoção mais ampla, mas o custo era proibitivo. Hoje, não faltam opções visuais: OLED, QLED, Micro-LED, LED SMD, LED de cristal, projeção a laser, e-Ink, apenas para citar algumas. A tecnologia de projeção comercial evoluiu muito nos últimos 20 anos, impulsionada em grande parte pelos requisitos do segmento de sinalização digital.

Apesar do ritmo vertiginoso de desenvolvimento das telas, ainda existem falhas na implantação, gerenciamento e manutenção dos equipamentos, seja remotamente ou no local. Isso é normal quando se considera como são implantados os avanços nos displays digitais comerciais. Começa com o mercado de consumo e, à medida que a tecnologia é experimentada e se estabiliza, é introduzida no mercado comercial, onde pode ser aprimorada para aplicações mais refinadas. O segmento de consumo é o campo de testes para novos recursos interessantes. Se for bem aceito, poderá se tornar essencial no uso comercial.

 

Além da qualidade de imagem, estabilidade

do sinal e tempo de uso contínuo

se tornam mais relevantes.

 

Mas, à medida que mais redes de comunicação passam para o digital, surgem novos desafios de design. As telas agora estão sendo colocadas em locais que antes eram impensáveis, ou mesmo impossíveis. Isso levou os fabricantes a repensar aspectos como tamanho, potência, peso, brilho, conectividade e flexibilidade. A interatividade é uma tendência que impacta drasticamente a fabricação de displays. Saímos do controle por toques e gestos para a conectividade móvel, e agora há sensores antecipando o que o público quer ver.

Enquanto cresce o número de telas instaladas, as redes estão evoluindo para o conceito mission-critical, em que itens como estabilidade e tempo de uso contínuo se tornam mais relevantes. Monitoramento passou a ser obrigatório, embora ainda não esteja recebendo a atenção necessária. Em geral, os usuários das redes só vão pensar nisso depois de concluído o projeto.

Em algumas redes, você pode fazer login remoto para ver se o player está funcionando, mas não tem como saber se a tela está ligada, ou conectada à fonte correta. Talvez nem consiga se conectar ao seu player, porque depende do Wi-Fi local e seu acesso é limitado (ou não é confiável). Nm mundo perfeito, você teria acesso em tempo integral a todos os seus players, monitores e periféricos, garantindo que tudo esteja funcionando como deveria. As telas estão sendo implantadas ao ar livre em locais considerados anteriormente impraticáveis, o que obriga a ter uma conexão de dados incorporada.

 

Com 5G, mais velocidade e menos latência,

 inclusive para aplicações móveis.

 

5G é uma tecnologia emergente que pode resolver esses problemas. Hoje, o celular não é confiável para instalações de sinalização digital, especialmente em ambientes movimentados, porque as torres 4G LTE ficam congestionadas à medida que o tráfego varia. Os usuários estão assistindo a mais e mais vídeos no smartphone, com conteúdo de maior qualidade, aumentando a demanda por conexões mais rápidas e seguras. Novas tecnologias de transmissão e multicast são necessárias para aliviar essa demanda.

Com as redes celulares migrando para 5G, a porta está se abrindo para novas oportunidades na sinalização digital. A conexão 5G usa uma nova banda de rádio na faixa de 30 a 300 GHz; as redes 4G atuais operam em frequências abaixo de 6GHz. Baixa latência será um dos recursos mais importantes do 5G, chegando a menos de um milissegundo.

Já o 4G LTE varia de torre para torre e de um dispositivo para outro, e todos já experimentamos pontos sem sinal ou com atraso. O melhor exemplo seria um estádio ou aeroporto onde há muitas pessoas. 5G é mais rápido, mas não é por isso que se torna uma solução mais viável para sinalização digital. Além da alta velocidade, oferece três outras importantes características:

  • Banda larga móvel aprimorada (eMBB), para melhor experiência multimídia e maior mobilidade do usuário.
  • Controle confiável de dispositivos importantes e comunicação de baixa latência (URLLC) para dispositivos de missão crítica.
  • Comunicação massiva entre aparelhos (mMTC) para baixa latência e conexões mais confiáveis com dispositivos IoT.
  • Possibilidade de sistemas ACM (Autonomously communicating machines), dispositivos de comunicação autônoma que requerem pouca ou nenhuma intervenção humana.

Abrindo caminho para Internet das Coisas e sistemas operacionais mais confiáveis

O protocolo eMBB (Enhanced Mobile Broadband) fornecerá conexões mais confiável, especialmente em áreas densamente povoadas. Também oferecerá suporte a banda larga móvel em veículos em movimento, como trens e ônibus, permitindo sinalização digital em transporte público e instalações temporárias.

Já os padrões conhecidos pelas siglas URLLC (Ultra-reliable, low-latency communication) e mMTC (Massive machine-type communication) abrirão as portas para inúmeros dispositivos IoT, como controle de exibição, ferramentas de segurança, câmeras de monitoramento, rastreamento de público em tempo real etc. Isso já está sendo feito no mercado consumidor com tecnologias como Zigbee, por exemplo, nas lâmpadas Philips Hue Lighting.

As redes 5G por si só não resolverão todos os nossos problemas. No entanto, os planetas da tecnologia estão se alinhando. Samsung, com o sistema operacional Tizen, e LG (com WebOS) estão permitindo uma padronização das plataformas e ambientes de desenvolvimento para sistemas do tipo SoC (System-on-a-Chip), que permitem integração mais fácil dos cartões SIM 5G aos monitores. Com isso, não será mais necessário instalar seu próprio modem, ou usar uma conexão local à internet. Basta inserir o cartão SIM e enviar para o site, pronto para usar.

Além disso, os fabricantes de displays estão expandindo suas soluções baseadas em LED. A Samsung já integrou Tizen e MagicInfo em seus displays, e isso fará outros fabricantes se concentrarem mais no software, particularmente nas ferramentas de monitoramento e diagnóstico. Grandes empresas de dispositivos móveis, como Foxconn e Huawei, já estão discutindo o desenvolvimento de displays grandes, de 75 e 100 polegadas, inclusive em resolução 8K com modem 5G integrado.

Esse é um bom indicador de que veremos displays conectados ao 5G num futuro próximo. Huawei e Samsung estão em séria concorrência nos dias de hoje. É emocionante ver uma competição como essa na área de displays, especialmente envolvendo uma empresa de infraestrutura e dispositivos móveis. Isso impulsionará novas ideias e avanços em sinalização digital.

*O autor é gerente geral da empresa canadense Dot2Dot, especializada em digital signage. Colaborou para este artigo Shawn O’Brien. O original pode ser conferido aqui.