Formato Blu-ray 4K começa, de fato, a ser testado

Fabricantes de players Blu-ray estão apostando que a edição 2016 da International CES irá demonstrar o verdadeiro potencial da tecnologia 4K Ultra HD. Players compatíveis com essa resolução de imagem estão em três dos principais estandes: Samsung, Panasonic e Philips, sendo esta última hoje uma marca da japonesa Funai, distribuída nos EUA pelo grupo P&F.

Por Joseph Palenchar

Todas prometem que os discos Blu-ray 4K poderão oferecer uma qualidade de imagem bem mais alta que os discos atuais, e também melhor que as atuais fontes de streaming 4K. Pelo menos uma delas – Samsung – confirma que irá colocar seu player à venda ainda no primeiro trimestre; outros fabricantes, como LG e Sony, não quiseram trazer seus modelos à CES este ano.

Embora todos os players Blu-ray 4K sejam obrigados a reproduzir sinal HDR (High Dynamic Range), com níveis mais altos de contraste, a Philips é a única que anuncia modelos compatíveis também com o padrão Dolby Vision, que funciona de modo similar. De sua parte, a LG informou que só irá lançar players Blu-ray 4K a partir do segundo semestre – se é que irá lançar, pois Tim Alessi, diretor da empresa nos EUA, acha pouco provável.

O problema, diz ele, é que a maioria dos estúdios de Hollywood ainda não se comprometeu totalmente com o novo padrão de imagem, embora na própria CES esteja havendo alguns anúncios a respeito. “Além disso, muita gente está obtendo vídeos 4K a partir da internet”, diz Alessi, acrescentando que não é possível prever agora quando a empresa terá esse tipo de aparelho. “A produção de chipsets 4K demorou mais do que prevíamos. Vamos aguardar para ver como esse mercado se desenvolve.”

A concorrente Samsung se diz mais otimista. “A mídia física continua sendo a melhor maneira de entregar uma verdadeira experiência em 4K”, comenta Jim Kiczek, vice-presidente do grupo nos EUA. Ele acredita que as previsões de venda entre 500 e 700 mil players 4K este ano ainda são conservadoras, devido ao impacto dos TVs 4K com HDR e maior gama de cores (Wide Color Gamut).

Alguns analistas de mercado estão cautelosos, argumentando que o sucesso do Blu-ray Ultra HD depende de diversos fatores, como a penetração dos TVs UHD, o preço e a oferta de discos. Um membro da Blu-ray Disc Association, no entanto, lembra que o preço não será um obstáculo pois “não haverá choque” como aconteceu no lançamento dos primeiros players (Blu-ray Full-HD), que chegavam a custar o equivalente a 1.000 dólares.

Na mesma linha, Victor Matsuda, presidente do comitê de promoção da BDA, acredita que os preços dos novos players serão “acessíveis”, ainda que acima dos modelos atuais, que estão na faixa entre 150 e 200 dólares.

Já Paul Erickson, analista sênior da consultoria IHS Technology, relaciona a demanda por TVs 4K à disponibilidade de conteúdo, tanto em volume quanto nas rapidez dos lançamentos em relação aos cinemas. “O lançamento de discos Blu-ray 4K será importante, porque a única alternativa hoje está nos serviços de streaming”, explica Erickson. “Mas esse é um gargalo, pois a oferta de média de banda larga por residência é limitada entre 12 e 15 Megabits por segundo, segundo a maioria das estimativas”. Como as pessoas em geral compartilham suas conexões entre vários dispositivos, isso não é suficiente, adverte.

A previsão da IHS para as vendas de players Blu-ray 4K na América do Norte em 2016 são de 836 mil unidades por volta do meio do ano, chegando a 13,8 milhões em 2019. “Acreditamos que a oferta de discos irá aumentar a partir de agora, atingindo a maior parte dos consumidores com poder de compra em 2017”, diz Erickson, prevendo que 2016 será o ano dos early adopters.

Outra empresa de pesquisas, o NPD Group, é mais cautelosa. Seu vice-presidente, Stephen Baker, reconhece que já existe demanda significativa pelas mídias físicas: 75% dos domicílios ainda possuem um player (DVD ou Blu-ray) e o utilizam para ver seus filmes. “Acho que a demanda pelo 4K em disco também será alta, pois a capacidade para streaming sempre terá limitações”, diz Baker.

No entanto, lembra ele, o custo dos discos deve ser alto e o volume de vendas será baixo, no início. “Significa que não será fácil atingir vendas significativas. A maioria dos compradores será atraída pelas ofertas dos fabricantes de TVs, que poderão adicionar recursos de acesso a mais conteúdos em seus aparelhos.”

Uma terceira consultoria, a Futuresource, ainda se questiona até que ponto o consumidores está de fato interessado em discos hoje em dia. “O formato Blu-ray 4K está nascendo numa época em que as mídias físicas estão perdendo mercado para o streaming”, diz Jack Wetherill, analista da empresa. Mesmo assim, ele acredita que haja potencial: “Apesar da falta de transmissões em UHD, as vendas de TVs continuam crescendo, devendo chegar a 17 milhões de unidades no final de 2016”.

O especialista lembra ainda que não existe, por enquanto, um console de videogame em 4K, e isso pode ser um incentivo a mais à venda de players Blu-ray com essa capacidade. Uma pesquisa recente da Futruresource revelou que 54% dos entrevistados nos EUA que já possuem um TV 4K, ou pretendem adquirir um nos próximos 12 meses, compram discos Blu-ray.

 

Artigo publicado originalmente no site Twice; clique aqui para ler o original na íntegra.