Como transformar sua casa antiga numa casa inteligente

Uma casa inteligente significa que seu ar condicionado se liga automatiamente, na hora certa, que você pode acionar as luzes a partir de seu celular e que a máquina de lavar irá enviar mensagens de texto. OK, você não precisa construir uma casa nova para usufruir dos benefícios da Internet das Coisas (IoT). Mas, numa casa antiga, o desafio pode ser maior do que parece.

Por Nicole Kobie

Para dar uma ideia de como enfrentar essa tarefa, fomos conversar com Andy Stanford-Clark, que é diretor do departamento de IoT da IBM. Ele mora numa casa do século 16, na Inglaterra, possivelmente uma das residências mais antigas do país. E, no entanto, conseguiu transformá-la numa smart home.

Ali, as janelas possuem sensores que enviam um alerta quando os moradores estão fora e alguém tenta abrir. No lago, cheio de peixes, a fonte se liga automaticamente, mas antes verifica a intensidade dos ventos. Nos banheiros, o aquecedor de toalhas está sincronizado com a agenda do dono da casa, de modo que desliga quando ele sai, para poupar energia. E até as ratoeiras que existem na casa soam alertas se por acaso forem invadidas.

Ao ligar a máquina de lavar, esta envia a ele uma mensagem perguntando se as roupas precisam mesmo ser lavadas naquela hora, ou se a tarefa pode ser feita mais tarde, também visando menor consumo de eletricidade. E ele pode responder também via texto.

Stanford-Clark explica que, quando se deseja transformar uma casa antiga em smart, faz mais sentido pensar em equipamentos sem fio. Mas, numa residência como a sua, com largas paredes de pedra, é difícil fazer funcionar uma rede Wi-Fi convencional: o sinal é absorvido pelas paredes. A saída está nas redes em forma de malha (mesh): cada sensor precisa “enxergar” o outro.

Controles que trabalham com protocolos como ZigBee ou Z-Wave oferecem boa cobertura, além de consumir pouca energia. Há problemas de interoperabilidade, mas o importante é não ficar dependendo do sinal Wi-Fi. Um dos segredos nesse projeto foi colocar os sensores “sobre” as paredes, e não “dentro” delas.

Mas, como gerenciar a energia consumida numa construção de mais de 400 anos? Já existem medidores que podem ser ligados aos sistemas de aquecimento central, por exemplo, sejam eles a gás, óleo ou elétricos. Stanford-Clark aprendeu a torná-los mais inteligentes: basta comprar um adaptador que fica entre a tomada de parede e o plugue do aparelho a ser alimentado. Isso permite até comandar os dispositivos a distância.

Significa que se pode programar, por exemplo, o aquecedor para funcionar em determinada temperatura; um dos computadores da casa consegue fazer isso sozinho! O aparelho detecta, via GPS, quando o dono da casa está chegando e, 15 minutos antes, aciona o aquecedor.

Mais: como sabe quem reside numa casa grande, a temperatura em cada cômodo costuma variar muito. O truque aqui foi instalar sensores em todas as áreas, que não apenas monitoram como está o ambiente interno mas também a temperatura externa. Isso pode ser feito de duas formas: com um sensor do lado de for a ou então, mais imples, checando um serviço online de previsão do tempo.

No caso das luzes, sabe-se que os sistemas inteligentes podem ser muito fáceis de usar, mas também tendem a ser tecnicamente limitados. Se forem muito automatizados, tornam-se complicados. Exemplo: uma lâmpada do tipo hue, ao ser colocada no soquete, baixa um aplicativo e passa a ser detectada na hora pela rede da casa. Ótimo, só que essas lâmpadas ainda são caras demais. De qualquer modo, soluções simples são cada vez mais comuns no mercado internacional, tanto para as luzes quanto para outros dispositivos da casa. A maioria delas só exige um plugue na parede.

Stanford-Clark é um entusiasta dessas soluções, embora reconheça o problema de que muitas são incompatíveis com outras. Ele acha que empresas como Apple e Google chegarão em breve a produtos de uso mais simples, e mais baratos, para a automação residencial. É o que já acontece, por exemplo, com o HomeKit (da Apple) e o Brillo (Google), já disponíveis no mercado americano.

 

Texto originalmente publicado no jornal The Guardian. Clique neste link para ler o original na íntegra.